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אֵיכָ֥האֶשָּׂ֖אלְבַדִּ֑יטָרְחֲכֶ֥םוּמַשַּֽׂאֲכֶ֖םוְרִֽיבְכֶֽם
Ao contrário de muitas outras passagens da Torá, não encontramos aqui a expressão “E falou o Eterno a Moshé, dizendo”, mas esta Parashá inicia com “Estas são as palavras que Moisés falou a todo o Israel naquele lado do Jordão no deserto, na planície oposta ao Mar Vermelho, entre Paran e Tofel e Lavan e Hazeroth e Di Zahav.”, caracterizando Devarim como "enfaticamente um livro para o povo".Tais palavras demonstram que, a Torá não é constituída somente daquelas palavras que saíram da “boca” de Hasheme foi transcrita no sêfer, mas também é composta por palavras humanas, as quais representam a ToráOral, e ambas lá estão por ordem do Criador, conforme explicam o Tosefta[1]e, mais tarde, o grande Rabino Isaac Abravanel. Eis que após 40 anos, chegou a hora de o povo ingressar na Terra Prometida a nossos pais Avraham, Yitzchace Yakov. Para tanto, era mister que Moshé instruísse seu povo, como soem fazer os grandes líderes. E assim ele o fez, consoante tudo o que ouvira de Hashem ao longo desse caminho tão difícil, tão cheio de provações.
Aliás, ensina o Avot do Rabi Natan que essa porção faz alusão às maneiras com as quais o povo foi provado e falhou: 1- o episódio do bezerro de ouro (No deserto/ Di Zahav); 2- o episódio das águas, quando reclamaram por não ter água (Na planície); 3- o episódio dos espiões (Entre Parã); 4 – As reclamações sobre o Maná (E Tophel); 5- o motim de Korach (E Lavan); 6- o episódio das codornizes (Hatzerot). A trajetória do povo durante esses 40 anos foi marcada por vários episódios em que o povo perdeu a confiança no Eterno e dEle se esqueceu, como se lê em Hoshea “Quando foram alimentados, ficaram fartos e seu coração se encheu. E eles se esqueceram de Mim” (13:6). Tão logo o povo se livrou da escravidão no Egito, tão logo esqueceu-se dos milagres e bênçãos recebidas. Por isso, Moshé clama “Como posso suportar seus problemas, seu fardo e suas contendas sozinho?” (Devarim1:12).
O MidrashYalkIutShimoni[2] relata a dificuldade que o modesto líder teve de enfrentar até ali. Diz-se que o povo vivia a procurar motivos para reclamar: Quando Moshé levantava cedo, o povo abanava a cabeça dizendo “Sabem porque ele madrugou hoje? Não tem harmonia na sua vida matrimonial!”; quando, porém, ele se levantava mais tarde, diziam “Com certeza ele já preparou mais um fardo de mitzvot para nos subjugar ainda mais”.
“Como posso suportar seus problemas, seu fardo e suas contendas sozinho?” (Devarim1:12). Eichá (אֵיכָ֥ה): três profetas censuraram Israel com esse termo “Como?!”. Yeshaiahu[3], ao ver que Jerusalém perdera a dignidade (“Como se desvirtuou a cidade fiel”), Yirmeyahu[4], que lamenta pelo destino de Jerusalém (“Como jaz solitária a cidade populosa”) e MoshéRabenuao desabafar antes de sua morte. E, por que Moshé o faz antes de sua morte? Porque ensina o Sifre[5]que há quatro razões para que, assim como fez Yaakov, há 4 razões para admoestar à beira da morte: 1- para que não se precise repetir a admoestação; 2- para que o repreendido não se envergonhe ao ter de ver o admoestador todos os dias novamente; 3- para que não haja intrigas entre um e outro e, por consequência, má vontade de um para com o outro e 4 – para que um possa se afastar do outro em paz, pois que a advertência traz a paz.
Às vésperas de 9 de Av, ainda no clima de RoshHodesh, no primeiro Shabat deste mês, deparamo-nos com esta Parashá e que lição podemos tomar de tudo o que vimos e ouvimos. Ora, aos 9 de Av, recordaremos as tristes lembranças que sobrevieram a nosso povo neste mês tão aziago. Nestas três semanas de Tamuz até chegarmos ao mês de Av, Moshé quebrou as tábuas da Lei; o pecado dos espiões resultou na maledicência; Aharon faleceu; as hordas romanas derrubaram as muralhas de Jerusalém; foram destruídos o primeiro e o segundo Templo; mais tarde, em 1290, Isabel de Castela e Fernão de Aragão ordenaram a expulsão de nossos avós, os judeus de Espanha e Portugal; e depois, por fim, a Alemanha declarou guerra à Rússia e os horrores do holocausto nos atingiram... E não podemos jogar toda a culpa aos outros, senão a nós. Nossas más ações nos levaram a episódios horríveis!
As faltas graves de que falaram os profetas, infelizmente, seguem sendo presentes nas comunidades judaicas pelo mundo. A incredulidade, a ignorância, a desobediência, a falta de disciplina, a desmoralização e, principalmente, a falta de união continuam a invadir nossas sinagogas, nossas comunidades, como os babilônios invadiram nossa cidade santa e, como os romanos, derrubam nossas muralhas, nossas comunidades. Se eu não for por mim, quem o será? Mas se eu for só por mim, que serei eu? Se não agora, quando?Mudemos! Façamos teshuvá! Arrependamo-nos com sinceridade, abandonemos o que nos afasta, o que nos destrói! Unamo-nos! Recordemos que não somos Bilam (sem povo), mas UM POVO. Um povo saiu do Egito, o povo está para entrar na Terra, nunca sozinhos, mas UM POVO! Um povo que tem apenas um Norte: o UM. Que possamos iniciar este mês de Av com o compromisso de se afastar do mal e fazer o bem, afastar a discórdia e propagar a união, afastar o erro e cumprir mitzvot. “Quem é o homem que ama a vida e deseja longos dias para aproveitá-la em felicidade? Aquele que guarda do mal a sua língua e cujos lábios não pronunciam falsidades; que se desvia do mal e pratica o bem, busca a paz e segue seu caminho.” (Tehilim 34: 13-15).
Leandro Silva (Sinagoga Beit Aharon – Maceió-AL)
[1]ToseftaSotah7:12, em, por exemplo, Jacob Neusner, tradutor, Tosefta , volume 1, página 863.
[2]YalkutShimoni 801.
[3]ChazonYeshaiahu 1,21
[4] Lamentações 1
[5]Sifre a Deuteronômio: Uma Tradução Analítica (Atlanta: Scholars Press, 1987), volume 1, páginas 26– 27
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