Os sefarditas da Espanha e Portugal no Império Otomano (Constantinopla, Tessalônica e Esmirna)
História dos judeus
Os judeus sefarditas foram os mais numerosos no Império Otomano, tal fato em razão do grande contingente de sua imigração no século XV EC, e, naturalmente, abarcaram todos os outros judeus da região e impuseram o judeu-espanhol como sua língua.
Constantinopla, atual Istambul, que já contava com uma grande comunidade judaica, cresceu consideravelmente com a chegada dos sefarditas da Espanha e Portugal, formando um grupo de aproximadamente trinta mil pessoas. Constantinopla era o centro judaico mais importante de toda a região. Havia quarenta e quatro sinagogas nesta capital.
Ali nasciam as chamadas comunidades de Castela, Aragão e Portugal, e assim por diante. cujos nomes lembravam seu país de origem, assim como também surgiram comunidades designadas com o nome de Cordobesa, Toledana, Barcelonesa, Lisboeta, etc.
Salônica, a antiga Tessalônica, recebeu em seu solo, apesar de seu clima insalubre, grande parte dos refugiados sefarditas. Assim, uma comunidade israelita sefardita de trinta e seis grupos diferentes foi formada nesta cidade. Eles eram tão numerosos em relação ao resto da população que Salônica se tornou uma verdadeira cidade judia.
Um poeta hebreu, Samuel Usque, apelidou a Tessalônica de "a Mãe de Israel" porque, disse ele, também esta se tornou um refúgio para judeus perseguidos. O elemento sefardita ganhou tanto destaque em Tessalônica que judeus de outros países que falavam alemão ou italiano tiveram que aprender a língua espanhola para estabelecer relações comerciais com os recém-chegados.
Um censo feito em 1883 mostra que 56% dos 85.000 habitantes eram judeus. Por volta do ano 1900, a cidade tinha 32 sinagogas.Os nomes das sinagogas são os seguintes:
1. Nevee tsedek (da Calábria), 2. Kiana (da Calábria), 3. Ishmaël (da Calábria), 4. Mayor shenie (de Maiorca), 5. Sicilia chadash (da Sicília), 6. Lisboa yasyan (de Lisboa), 7. Mayor Rishon (de Maiorca), 8. Mograbish (do Magrebe), 9. Yahia (de Portugal), 10. Talmud Tora (a sinagoga central), 11. Gerush Sefarad (Espanha), 12. Estrug (da Apúlia), 13. Bet Aharon (da Sicília), 14. Nevee shalom (da Calábria), 15. Lisboa Chadash (Lisboa), 16. Ets-ha-chayim (de Bizâncio), 17. Castillia, 18. Ashkenaz (da Europa Central), 19. Catalan yasyan (da Catalunha), 20. Sicilia yasyan (da Sicília), 21. Aragon, 22. Italia yasyan (da Itália), 23. Portugal, 24. Shalom (mista), 25. Italia chadash (da Itália), 26. Italia shalom, 27. Pulia (Apúlia), 28. Har gavoa (da Apúlia), 29. Provencia (Provence), 30. Otranto, 31. Catalan chadash (Catalunha), 32. Évora (de Portugal).
Já em Izmir, Esmirna, outros núcleos sefarditas foram estabelecidos, os quais mais tarde formaram uma grande comunidade judaica sefardita espanhola e portuguesa nesta cidade.
Sendo assim, no século XVII EC, com a estourada da guerra entre Turquia e Veneza, e, como consequência em tal período, ocorreu uma grande crise, tendo em vista a extrema dificuldade de realização de transações comerciais em Constantinopla. Logo, muitos mercadores e banqueiros, inclusive judeus sefarditas, deixaram a capital para se estabelecer em Izmir. A partir dessa época a cidade cresceu em importância, e muitos de seus habitantes judeus fizeram fortuna colocando-se como corretores desses mercadores ou negociando por conta própria.
Referências:
Essai sur l'histoire des Israélites de l'Empire Ottoman - Moise Franco, 1897, Georg Olms Verlag.
Synagogues in Salonica - http://siger.org/jewish-history-on-the-map/en/diaspora-4