Nesta semana estudaremos também a Parasha Massê, que significa Viagem. O texto cita 42 viagens, que não foram meras viagens, mas também acontecimentos que pontuaram marcantemente a peregrinação.
Rabino Aryeh kaplan ZT"L traz a opinião de Radak (Rabi David Kimchi), Sherashim e HaKetav veHaKabalá de que Massê Bene Israel significa os eventos ao longo do caminho (Cf. Josué 2:23).
O povo estava nas planícies de Moav quando foram relembradas todas as viagens e locais por onde passaram, desde a saída do Egito até aquele momento.
Estava sendo sinalizado ali o fechamento de um ciclo. A morte de Aharon, e sua substituição por Elazar, seu filho, como sacerdote, e o aviso da morte próxima de Moshe e sua substituição por Yehoshua.
A vida que aquela geração conhecia era o deserto. E agora de frente ao desconhecido era importante relembrarem tudo o que passaram. Os erros, as dúvidas, as alegrias as tristezas, os milagres que testemunharam e a mais sublime manifestação do Eterno, a entrega da Tora. Grandes experiências que os moldaram e que os colocaram diante de um novo desafio às vésperas da conquista da tão desejada Terra de Canaã.
Apesar do povo estar indo para a um lugar desconhecido e para uma vida que eles não conheciam, havia a certeza de que tinham sido conduzidos àquele local e momento pelo Eterno, através do seu servo Moshe. E nesta circunstância é como se estivessem na ante-sala que os levaria à concretização das promessas do Eterno a Avraham, Yitschak e Yaakov.
Neste contexto a parashá traz a tona importância de relembrar. E relembrando é estabelecida uma relação única do Povo de Israel com o Eterno.
Em nossos dias ao rezar o Shema somos conduzidos a este mesmo local. Estamos na ante-sala cientes de que as promessas serão concretizadas, sem jamais esquecer o caminho que trilhamos desde nossos antepassados até aqui. E essas lembranças que guardamos e de que nos recordamos diariamente através da nossa Tefilah são a base com que nosso futuro se constrói.
Os desafios e as mudanças são solo fértil para exercitarmos nossa confiança. Neste momento de transformações podemos escolher o medo e as incertezas do futuro desconhecido ou a certeza do cuidado do Eterno, recordando e desta forma nos re-conectando a este momento.