✓
Mensagem enviada com sucesso!
Prezado(a) NOME. Obrigado por entrar em contato,
Informamos que recebemos sua mensagem, e que vamos responder o mais breve possível.
Atenciosamente kolenu.
FECHARGostou do Conteúdo?
Então CompartilhePERASHAT MISHPATIM – SHABAT SHEKALIM – ADAR
O serviço divino
Leilúi Nishmat haRav Menachem Mendel Schneerson ZT”L
Leilúi Nishmat avi ZT”L
Hazan Fernando Oliveira
A porção semanal Mishpatím é muito especial para mim, afinal, é a perashá do meu nascimento, uma vez que nasci no mês de Shevat, no ano de 5738. Como forma de me presentear com a mitsvá de Talmud Torá, cogitei com emoção em vasculhar algum comentário de algum sábio de Torá que tenha sido realizado no mês e no ano em que nasci. Com esse fito, resolvendo trazer um comentário baseado na Chassidut, escolhi uma das Sichôt (Discursos) do Rav Menachem Mendel Schneerson ZT”L. Essa Sichá – proferida em Shevat de 5738, fevereiro de 1978 – foi muito tocante, lançando um olhar interpretativo da condição do éved ivrí (escravo hebreu), assunto de abertura da perashá, com relação ao serviço divino.
Mais do que fazer quaisquer recortes aqui, prefiro deixar esse grande sábio de Torá de sua geração como que proferir sua Sichá para mim e para os leitores 43 anos depois, demonstrando a atualidade e a vivacidade de seu discurso. Vale ressaltar que essa Sichá foi proferida em 15 de Shevat de 5738, num Motsaê Shabat da Porção Semanal Mishpatim, sendo nesse ano, um Shabat Mevarechím (no qual fazemos uma bênção para o mês entrante), distinto do próximo Shabat, que será Shabat Shekalim de Rosh Chôdesh Adar.
A propósito, visto que na Sichá não há menção ao meio-shékel, obviamente por ela não haver sido proferida no Shabat ou em Motsaê Shabat em que lemos na Torá o trecho referente a ele, oriundo da Perashat Ki tissá, farei já aqui uma pequena reflexão a seu respeito. Com o meio-Shékel, cujo prazo de pagamento ia do dia 01 até o dia 15 de Adar, Am Israel era contado, visto que não se pode contar pessoas por si próprias. Também era destinado para manutenção do Bêt haMikdash, para os korbanôt e para capará (expiação). O costume de dar meio-Shékel continua em nossos dias, sendo empregado para o Estudo da Torá e para Medinat Israel. Pergunta o Rav Diesendruck ZT”L: por que só meio-Shékel e não ele inteiro? Porque, segundo esse sábio de Torá, cada judeu, por ele mesmo, tem o valor só de uma metade. Somente quando ele se une com Am Israel e HaShem, Seu D’us, é que ele se torna um judeu completo, inteiro, união imprescindível e vital para a nossa continuidade.
A seguir, a Sichá do Rebe de Lubavitch, zechutô tagen alênu, cuja tradução livre faço da tradução inglesa:
1 Conforme o calendário judaico, a noite de hoje [15 de Shevat de 5738] é distinguida pela coincidência de três ocorrências separadas: é Motsaê Shabat Parshas Mishpatim. Também, é Shabos Mevarchím Adar Rishon (o Shabos no qual o mês de Adar Rishon é abençoado). O nome Adar Rishon também indica um terceiro fator: que este ano [5738] é um ano bissexto.
O Ba’al Shem Tov explicou que não existe essa coisa de coincidência. Pelo contrário, cada evento que ocorre é controlado pela Hashgachas Protis [Providência Divina]. Desse modo, qualquer coisa que um judeu vê e ouve contém uma lição útil no serviço de D’us. Baseado nesse ensinamento, a ocorrência desses três elementos, indubitavelmente, apresenta uma lição para cada indivíduo que é aplicado no seu serviço de D’us. Dentro dessa lição geral, certos aspectos podem ser derivados de cada um dos fatores individuais: Motsaê Shabos, Parshas Mishpatim, Chôdesh Adar e o mês adicional do ano bissexto.
2 A segunda lição pode ser derivada da Parshas Mishpatim. As primeiras leis mencionadas pela Torá sob a categoria de “Esses são os mishpatim (julgamentos)” são concernentes à venda do servo hebreu. Esse conceito serve como fonte para uma inferência valiosa: a venda do servo hebreu (na passagem em consideração, refere-se a alguém que roubou um objeto e que não tinha outra forma de compensar o proprietário do objeto, exceto sendo vendido como servo) era de ocorrência muito rara. O fato é que a despeito de sua ocorrência rara, é a primeira lei mencionada na Parshas Mishpatim, implicando que ela contém uma lição importante e eternamente relevante, enfatizada pela sua prestigiosa posição no princípio da Parshá. Essa lição diz respeito ao conceito definitivo de “servidão”, a servidão do povo judeu para D’us. Desde o tempo do Êxodo do Egito, D’us considerou o povo judeu como Seus servos. A expressão dessa servidão encontra-se no cumprimento de Torá e mitsvos do judeu.
Concernente ao servo hebreu, a Torá ordena: “seis anos ele servirá e no sétimo ano ele sairá livre”. Esse mandamento resulta do princípio de que a conduta de um judeu em Torá e mitsvos é “imitatio Dei”, ou seja, é paralelo às energias reveladas por D’us. Em termos espirituais, os seis anos de serviço se referem ao sexto milênio da história do mundo. A liberdade do sétimo ano descreve o período da redenção messiânica.
3 O exemplo paralelo desse padrão pode ser visto no relacionamento entre os seis dias do trabalho semanal e o Sábado, o dia de descanso. A atmosfera do Sábado é radicalmente diferente daquela da semana. Durante a semana, o stress em torno dos negócios e das atividades a tal ponto que a declaração “Seis dias trabalharás” é considerada por alguns comentaristas como uma mitsvá.
No Sábado, o judeu deve sentir que “todo teu trabalho está completado”. O Shabos inaugura uma atmosfera totalmente diferente, uma atmosfera de deleite espiritual. A Cabalá explica como o nível espiritual mais elevado (descrito como “a vontade das vontades”) é revelado no Shabos.
A mudança da semana para o Sábado não afeta a posição do judeu como servo de D’us. O Talmud explica que o judeu “foi criado para servir somente ao Seu Criador”. Essa é a sua identidade real única, o seu verdadeiro eu. Contudo, a auto-percepção do judeu como servo de D’us pode ser dividida em dois estados separados de consciência. O Talmud explica que “o servo do Rei (referindo-se a D’us) é considerado um rei”. Há momentos em que o judeu é mais agudamente consciente da sua existência como servo de D’us (os dias da semana) e há momentos em que ele se torna mais consciente por meio desse serviço por meio do qual ele é “considerado um rei” (o Shabos).
A lição acima da Parshas Mishpatim descrevendo o judeu como servo de D’us é unicamente relacionada a Motsaê Shabos, pois no Motsaê Shabos, a atmosfera de descanso do Shabos já passou e o trabalho prático do cumprimento do serviço de D’us inicia. Consequentemente, para notar essa transição da atmosfera do Sábado para o período do esforço ativo, é costumeiro em muitas comunidades (embora não no Chabad) cantar o piut [poema litúrgico] “Não tenha medo, Meu servo Jacob”. Visto que a atmosfera da semana é de trabalho, na qual o judeu enfrenta e vence os obstáculos que o mundo apresenta para o seu serviço a D’us, a possibilidade de medo pode surgir. Contudo, porque o judeu é o servo de D’us, ele não tem necessidade e nem deve temer o mundo. Muito pelo contrário, ele deve cumprir o seu serviço, mesmo que seja contraditório para as normas sociais comumente aceitas.
4 O dito acima representa as lições que podem ser aprendidas do Motsaê Shabos Parshas Mishpatim a cada ano. Neste ano, quando Shabos Mevarchim ocorre no mesmo Shabos, uma lição adicional pode ser aprendida.
A narrativa do milagre de Purim transmite a mensagem fundamental do mês de Adar. O povo judeu era, então, servo de Achashverosh [Assuero], sob domínio de um poder não-judaico. Contudo, a autoridade de Achashverosh não interferia no status dos judeus como servos de D’us. A despeito de seu decreto, os judeus estavam orgulhosamente firmes na observância de todos os assuntos ligados à Torá e mitsvos. Nesse tempo, Achashverosh controlava o mundo inteiro civilizado. Seus decretos estabeleciam o que deveria ser considerado correto e o comportamento apropriado. Não obstante, os judeus todos seguiram o exemplo de Mordecai e “eles não se curvaram e não se dobraram à pressão exercida sobre eles. Contrário à opinião popular , esse comportamento não causou a ruína do povo judeu. Pelo contrário, a ordem natural inteira foi invertida. Embora sua adesão à Torá apesar dos editos da autoridade reinante, o povo judeu ascendeu à posição poderosa descrita no final da Meguilá. Tão grande foi a sua influência que “a fama de Mordecai se espalhou pela nação” e “pessoas de várias nacionalidades se converteram ao Judaísmo”.
A importância dos eventos daqueles dias fora tão grandiosa que eles foram relembrados e celebrados milhares de anos mais tarde com uma Simchá que não conhece barreiras ou limites. A lei da Torá requer que em Purim a pessoa se regozije e alcance um estado de intoxicação tão grande que não reconheça a diferença entre Haman e Mordecai. O mês de Adar e o feriado de Purim enfatiza que nenhuma influência (mesmo influências que aparentemente o judeu deve admitir como aspectos inalteráveis da ordem natural) pode interferir na posição do judeu como servo de D’us. Esse conceito é expresso por outra faceta a mais do feriado de Purim. Embora Purim seja apontado como um dia de regozijo, o trabalho não é proibido. O judeu tem o poder de infundir a expressão de Simchá incomensurável e ilimitável na atmosfera do trabalho diário. A intenção do Shabos Mevarchim é abençoar o mês, fazer que as qualidades acima descritas se estendam do nível potencial para o atual, para a expressão prática.
5 A lição trazida pelo ano bissexto é a seguinte:
O propósito do ano bissexto é adicionar um mês no ano para, consequentemente, compensar os dias perdidos nos anos anteriores por cauda das diferenças entre o calendário lunar e solar. Esse conceito tem seu paralelo no serviço do judeu para D’us. O povo judeu segue o calendário lunar. Sua conexão com a lua é descrita pelo Talmud. A lua é a luminária menor e, consequentemente, é apropriado que ela deva governar o calendário da “menor entre as nações”. O pensamento hassídico explica essa qualidade de pequenez com uma perspectiva mais profunda. A pequenez se refere à humildade do judeu e à sua alto-anulação em respeito a D’us. Essa atitude é paralela à posição de a lua não ter luz própria e ser receptora de luz de outras fontes.
A lua passa por fases, crescente e minguante. Semelhantemente, existe a possibilidade de flutuação, de crescimento e declínio, no serviço do judeu para D’us. (Esses dois elementos são correlacionados. A Cabalá relaciona como o estado minguante da lua está conectado com a fonte do pecado.). Contudo, se tal flutuação deve produzir uma deficiência no serviço do judeu, ela é somente temporária. De fato, o propósito e a razão para a deficiência é que através dela o judeu pode alcançar um modo de serviço mais elevado. Como o Talmud explica, “o nível de um ba’al teshuvá não pode nem mesmo ser alcançado por um tsadik completo”. No calendário judaico, esse modo superior de serviço é refletido no mês bissexto. O calendário solar não muda, mantém um padrão constante ano após ano. O calendário lunar passa por mudanças. Similarmente, a ordem natural que segue o sol continua sem variação; porém, o judeu que segue a lua tem potencial para mudar. O resultado final dessa mudança (mesmo se ela parecer inicialmente ser declínio e perda) é o crescimento e o avanço. Esse crescimento é mencionado no ano adicional bissexto. Desse modo, acrescentando à lição anterior, o ano bissexto contribui para a consciência de que mesmo que existam deficiências no cumprimento do judeu em seu papel como servo de D’us, tais deficiências não somente podem ser superadas, mas também efetivamente transformadas em influências positivas.
6 Quando os três elementos sobreditos (Motsaê Shabos, Parshas Mishpatim, Shabat Mevarchim Adar e o ano bissexto) coincidem, o judeu se torna cônscio das três lições acima comunicadas. Ele se retira da atmosfera de descanso e deleite do Sábado e entra nos seis dias de trabalho em que deve trabalhar como servo de D’us – a lição de Motsaê Shabos Parshat Mishpatim. A lição de Shabat Mevarchim Adar ensina a ele [o judeu] que muito embora os poderes da ordem natural pareçam apresentar para ele obstáculos ao seu serviço de Torá e mitsvos, ele ainda deve persistir em seu serviço sem considerar essas dificuldades (um caminho de conduta que o levará a superar essas dificuldades).
E a lição do ano bissexto ensina a ele que mesmo por alguma razão ele tenha falhado anteriormente em realizar todo o seu potencial, ele ainda tem a habilidade de compensar essas falhas. Com tal atitude, ele prosseguirá com sucesso em seu serviço de Torá e mitsvos e revelará como o mundo, embora superficialmente não seja, é, na realidade, uma morada para D’us. Esse era o status original do mundo conforme elaborado no Maamar de Iud Shevat e (embora por causa do pecado, essa presença não seja temporariamente revelada, cada judeu tem o potencial de intensificar sua revelação. Então, iremos merecer, conforme escrito no Maamar, a revelação dos depósitos dos tesouros celestiais (os segredos mais profundos da Torá) que o Rei dividirá entre os Seus servos (que, como dito acima, se refere a cada judeu). [Fim da Sichá]
Shabat Shalom!
Chôdesh Adar Tov uMevorach!
REFERÊNCIAS
TORÁ – LEI DE MOISÉS. Tradução do Rabino Meir Matzliah Melamed, Comentários do Rabino Meir Matzliah Melamed et al. 2.ed. São Paulo: Editora Sêfer, 2001.
DIESENDRUCK, Menahem Mendel, Rabino. Sermões. 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 2011.
SCHNEERSON, Menachem Mendel, Rabino. Sichos in English. Translated by Eliyahu Touger. Vol. 1. 5738 [1977-1978]. Disponível em: https://www.chabad.org/therebbe/article_cdo/aid/2604545/jewish/Motzaei-Shabbos-Parshas-Mishpatim-5738-1978.htm#footnote11a2604545 Acesso em 18-01-2021.
Gostou do Conteúdo?
Então Compartilhe