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Então CompartilheA reflexão da porção semanal desta semana consistirá numa apresentação de interpretações – baseadas na Guematria – oferecidas pelo notoriamente conhecido Ba’al haTurím (lit. “mestre das fileiras”), mais um entre tantos dos nossos sábios conhecidos nominalmente em razão de sua obra. O “mestre das fileiras” se chamava Rabi Yaakov ben Asher, nascido em cerca de 1269, em Colônia, no então Sacro Império Germânico, e falecido em cerca de 1343, na cidade espanhola de Toledo, no então Reino de Castelha, e terceiro filho de outro grande sábio da Era dos Rishonim: o Rosh – Rabi Asher ben Iechiel.
O Ba’al haTurím é conhecido por meio dessa nomenclatura por causa da sua grande obra haláquica que também serviu de base para o Shulchan Arúch, de Rabi Yosef Caro. Essa obra se chama Arbaá haTurím, uma das obras de Halachá mais importantes. Dividida em 4 seções, sendo cada uma um “tur” (fileira), o título é uma precisa alusão ao quádruplo peitoral do Cohen Gadol, que continha os nomes das 12 tribos de Israel.
Outrossim, o Ba’al haTurím também é conhecido pelo seu Perush al haTorá (Comentário sobre a Torá), através do qual esse sábio apresenta vários métodos de interpretação. Por exemplo, como o Rashê Tevot e o Sofê Tevot (método baseado nas letras iniciais e finais das palavras em frases e versículos, estejam em sua ordem ou como anagrama, apresentando um rémez), além do famoso método Semichut (justaposição de duas passagens tópicas e temáticas que aparentemente não têm relação, mas podem aludir a outros tópicos ou temas), também utilizado por Rashi.
O método que eu quero apresentar neste ensaio é a tão conhecida Guematria, que consiste na interpretação fundamentada no valor numérico das letras hebraicas. Assim, veremos alguns exemplos concernentes à Perashat Vaetchanan:
Vaetchanan (E supliquei) [Deuteronômio 3:23], pela guematria [515], é [igual a] shirá (canção), pois [Moisés] disse canção [de louvor] diante do Eterno para que Ele ouvisse a sua prece.
Explica o Rabino Avie Gold que esse comentário do Ribi Yaakov ben Asher pode ser compreendido conforme outro comentário paralelo: o Paanêach Raza. O valor numérico de Vaetchanan (515) tem a mesma guematria de tefilá e de shirá devido ao fato de que a prece requer melodia com som agradavelmente doce. Isso traz o ensinamento de que o som de nossas preces deve ser acompanhado de cavaná (direcionamento correto). Ademais, também 515 é a quantidade de vezes em que Moshé Rabênu rezou para entrar em Érets Israel (Devarim Rabá 11:10; Yalkut Shim’oni sobre Perashat Vayêlech 940; Da’at Zekenim sobre Vaetchanan 3:23), mas o Eterno não aceitou seu insistente pedido após o episódio em que ele desobedeceu a ordem divina para falar à rocha, não batê-la. Diante disso, por que certas rezas não são atendidas?
[Deuteronômio 5:23 a 25] De “Vaetchanan” até “vehaLebanon” há 40 palavras, quer dizer, [como Moshé dizendo] “lembra-Te de mim [pelos] 40 dias em que estive na Tua presença no Monte [Sinai].
Essa interpretação é encontrada no Midrash Devarim Rabá 11:9. Noutras palavras, Moshé Rabênu incluiu em sua reza o tempo que passou no Sinai para ver se pelo mérito desse tempo na presença do Eterno ele poderia entrar em Érets Israel. Mesmo estando também no Midrash, o Ba’al haTurím conseguiu encontrá-la na Torá Escrita através da pista deixada na quantidade de palavras que vai desde “E supliquei” (5:23) até “e o Líbano” (5:25).
[Deuteronômio] 4:2 – Velo tigre’ú mimênu lishmor et (E não subtrareis dela para observar). Sofê tevôt Tariag – [O valor numérico das] letras finais dessas palavras [álef, vav, vav, rêsh e tav] dão 613 [quantidade de mandamentos da Torá].
Ou seja, os mandamentos da Torá não devem ser subtraídos.
[Deuteronômio] 4:4 – Veatem hadebekím – E vós que vos apegastes. Taguín al hakuf – rémez leme-ah berachot shetsarích levarêch bechol iom. [Como é trazida pela tradição dos soferím], há 3 coroas sobre a letra kuf [que tem o valor numérico 100] – trata-se de uma alusão às 100 bênçãos que cada pessoa judia precisa fazer diariamente.
Cf. Menachôt 43b sobre Devarím 10:12 com Rashi sobre Ma haShem Elokêcha. É interessante observar que em sua obra de Halachá (Tur, Orach Chaim 46), o Ba’al haTurím ensina que os sábios da Grande Assembleia instituíram as bênçãos matinais com o propósito de ajudar as pessoas a recitar 100 bênçãos diariamente.
O uso das coroas está dentro de Otiot Meshunot (formas não-usuais nas letras), conquanto recorra à Guematria.
[Deuteronômio] 6:4 – Shemá’ – Ouve. Beguematria tav-yud. She tav-yud shaná ‘amád Bait Rishon. O valor numérico é 410, pois durante 410 anos esteve de pé o Primeiro Templo.
A idolatria foi uma das causas da destruição do Primeiro Templo (Yomá 9b). Essa alusão pode apontar para o fato de que a permanência do Bêt haMikdash estava e está vinculada à Unicidade de haShem na vida judaica. Nesse contexto, conforme o Ba’al haTurím, em seu comentário sobre Echad, o Dálet é maior que o normal para que Am Israel reconheça a Realeza do Eterno na direção dos 4 ventos (Cf. Tur, Orach Chaim 61).
[Deuteronômio] 6:8 – Iadêcha – teu braço. Beguematria – govah haiad. Pelo valor numérico, é a parte alta do braço [isto é, o bíceps].
Esse comentário foi posto para o entendimento de um aspecto da Guematria. O valor numérico de iadêcha é 84, mas o valor de govah haiad é 85. Não obstante, há um tipo de método de Guematria chamado im hakolel, isto é, “com a soma”, significando que cada letra, palavra e frase são como uma unidade e como tais o valor 1 é permitido a ser acrescentado para a guematria delas.
[Deuteronômio] 6:13. Tirá – temerás. Beguimatria – talmidê chachamím. Pelo valor numérico [611], se refere aos sábios de Torá.
Significa o respeito devido aos nossos sábios de Torá (Cf. Bava Kama 41b). Mais uma vez, o método de im kolel foi utilizado. Por ele, 611 deve ser equivalente a 612, que é o valor numérico de Talmidê chachamim.
Este texto deu uma demonstração panorâmica de como o Ba’al haTurím interpreta a Torá por meio do valor numérico das letras hebraicas. Interpretações são encontradas nas alusões nos versículos com muita precisão e também confirmando o que se encontra nos midrashím.
Shabat Shalom!
Fernando Oliveira
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